Aos 5 anos...

Uma cena terrível que poderia corroer não só a mente como o espirito de quem via, através de toda aquela destruição era notável a força sobrenatural que por ali perambulava assim como o odor de carne humana a apodrecer. Toda uma vila devastada pela força de uma única organização que é tão antiga quanto à própria vida das árvores que cercam todo o País. Prédios caídos com seus destroços pelas ruas, amontoados de cinzas por todos os lados, ossos e carnes apodrecidas, não de animais, mas sim de humanos. Um batalhão de shinobis com armaduras e armas estava frente à vila, todos sobre o comando de um único homem, Kurama Onoki.

-Quais as ordens senhor? – Um jovem rapaz se aproximava, com um semblante triste e perdido no meio de tanta destruição.

-Vasculhem a área... – Ele falava em tom inexpressivo, sem qualquer tipo de reação a todo o horror daquela cena. – Procurem por sobreviventes!

-Hai... – Da mesma forma que aparecerá, o jovem uniu-se ao batalhão e repassou as ordens de Onoki em alto e bom tom. Todos se dispersaram e somente um continuou na companhia do comandante.

-Sabe que isto terá consequências e podem não ser boas... – Usava capuz cobrindo-lhe o rosto e o porte físico, nem mesmo o batalhão sabia quem era e este era o objetivo principal.

-Confio em suas palavras, mas sei o que faço! Não sou mais um adolescente que age por impulsos... – Disse ajoelhando-se e pegando um pouco das cinzas do solo. – Sabe melhor do que ninguém. Aqueles que aqui viveram possuem habilidades únicas e tão raras que podem ser os únicos com capacidade de bater frente com eles... – O encapuzado suspirou e o outro apenas assentiu com a cabeça. – Preciso de algo, nem que seja um vestígio, uma partícula que for já...

-SENHOR! – Uns dos shinobis voltavam a surgir frente ao comandante daquela missão. Estava eufórico e com um olhar de esperançoso. – Uma criança... Uma criança sobreviveu ao atentado! – Onoki olhou nos olhos do shinobi e ficou sério.

-O que está esperando? Me leve até ela!

O shinobi começou a correr para a direção que havia aparecido, após passar por vários tuneis escuros criados pelos escombros, a penumbra começava a dar lugar para a luz de chamas. Chegando ao fim da rota um grande salão oval com vários Fuuin por todos os lados em suas paredes assim como em tochas que as tornavam inesgotáveis. As paredes conforme eram violadas, se recuperavam feito magica, havia um animal impedindo a aproximação até a criança que abraçava dois corpos. O animal é um misto entre Tigre e Ave, sua pelagem prateada e grande porte físico assim como seu olhar feroz coloca medo em qualquer um que se aproximasse, como se não fosse o suficiente, asas tão brancas que brilhavam com o suave toque das luzes produzidas pelas tochas. Onoki deu alguns passos para frente para tentar interagir, mas logo notou uma poderosa barreira feita de puro chakra. Tentou ignora-la, mas havia algo de errado, era como se a barreira o chamasse para dentro da área, sentia-se com uma enorme vontade de entrar. Colocou um dos pés para frente e antes de completar o passo notou que não passava de um Genjutsu combinado com as habilidades da criança.

-Sim! É ele... – Olhou para todos. – Não se aproximem ou terão suas mentes dominadas e destruídas pelo poder da criança... – Muitos olharam para Onoki como se ele fosse um louco a dizer aquelas palavras. Um dos shinobis gargalhou e tocou na barreira. – Idiota, não disse para manter distância? – O shinobi paralisou e depois de algum tempo caiu no chão imóvel, já sem vida. – A barreira unida ao poderoso genjutsu criado por estes habitantes, corrói sua mente e logo a destrói não deixando evidencias do que tenha ocorrido e este poder ainda não está completo...

-Como assim? Ele pode fazer isso e ainda não está completo? O ele tem a mais? – O encapuzado estava eufórico, mas mais do que isso intrigado.

-Tenha calma... – Onoki suspirou – Nem mesmo eu sei sobre o segundo estagio deste poder... – Ele virou-se para o garoto e retirou todas as armas e a armadura que usava. – Não estou aqui para feri-lo, vim salvar sua Vila em nome de Konoha!

-Ma...mãe...pa...pai...mor..te... – O garoto falava baixo, estava com a roupa suja, rasgada como se fosse um mendigo. Passava a mão sobre o rosto da mulher, era notável seu sofrimento. Seus olhos estavam inchados, provavelmente de tanto chorar aos pés daqueles corpos. – Morte! – Havia ferimentos por todo o corpo e ainda sangrava por uma grande ferida em seu ombro.

-Uziel... – O animal guardião possui uma voz rouca e calma, como se fosse um Deus. – Não vejo mentiras nas palavras deste homem. Ceda a barreira e permita que cuidem de seus ferimentos...

-Kerberus! - O garoto olhou para o animal e neste instante a barreira acabou por ser desfeita, desmaiou frente a todos os shinobis e o guardião encarou Onoki.

-Peço que o curem! O legado desta vila está nas costas deste pequeno garoto... – Encarou Onoki que simplesmente afirmou com a cabeça. – Já não aguento continuar permanecer assim, estamos aqui faz dois dias e meu poder está no limite... – Uma nuvem de fumo dourada envolveu o corpo de Kerberos e quando se dissipou sua verdadeira forma foi revelada. Um gato selvagem – Irei acompanha-los pela proteção de Uziel! - Sua voz também mudou para um tom mais suave.

-Voltaremos a Konoha neste instante! E antes que acabe esquecendo... – O Kurama utilizou um de seus jutsus para apagar a memória do que acabou de ocorrer. Todos os shinobis ali exceto Kerberus, Uziel e os encapuzados foram afetados. – Achamos um único sobrevivente que precisa de cuidados médicos. Voltaremos o mais rápido possível a Konoha!

-Hai! – Todos confirmaram como se nada tivesse ocorrido. Um dos que ali estavam invocou uma grande ave e colocou o garoto sobre ela o levando em segurança pelo túnel até voltar para a área aberta e voar pelo céu que agora estava chuvoso.

-Não podemos deixar que descubram o poder do garoto até que nos seja útil...

-Apesar de suas habilidades incomuns, ele é descendente do clã Yamanaka! Não teremos problemas em relação a isso...

-Assim espero Senhor, assim espero...

O verdadeiro plano de Onoki estava seguro, no momento em que colocou os olhos em Kerberus o colocou em um poderoso genjutsu o fazendo acreditar em suas palavras. O pequeno Uziel está abalado emocionalmente e será fácil manipula-lo. Todos aqueles que lhe poderiam causar algo contra seus planos, estavam agora com a mente limpa, o plano perfeito para conseguir um poderoso aliado. Onoki mentiu ao dizer que não sabia sobre o segundo estagio, na verdade conhecia muito bem aquele poder. O poder de manipular a mente dos mortos ao seu favor.

Aos 12 anos...

Aço com aço, explosões, manipulações e destruição. Tudo não passava de um árduo treino cansativo e extrapolado, algo comum para o dia a dia de Uziel. Como sempre isolado, nunca teve amigos ou sequer teve tempo de ter, sempre treinando e aprimorando suas habilidades, nunca deixará o tempo passar sem aproveitá-lo. Onoki sabia muito bem o destino do garoto e para isto tudo aquilo seria necessário. Keberus mantinha-se a observar ao longe, o animal não tinha origens conhecidas, mas tudo indicava o celeste como sua terra natal. Um local totalmente fechado e desprovido da luz do sol, para ser mais exato, uma caverna que foi intitulada como “Toca dos Heróis” pelo próprio garoto. Três shinobis contra um único garoto poderia parecer abuso ou mesmo um massacre, mas as habilidades de Uziel cresciam igual o fluxo de um rio turbulento.

-Não deem chances para que descanse! – Infelizmente o garoto ainda não tem resistência e chakra para longas batalhas. – Uziel não terá mordomias em meio ao campo de batalha! – Onoki era severo em seus treinos e o pequeno Yamanaka já se acostumará com aquela rotina, não sabia bem o porquê daquilo e nem do porque não poderia sair para brincar, mas não resistia às ordens de seu Mestre.

-Hai! – Os Chunnins responderam em uníssono, apesar de sua fraca resistência o poder do garoto se comparava com o de um poderoso Chunnin.

Já ofegante Uziel decidiu acabar com aquilo ali mesmo, com um selo único de mão o garoto expandiu sua mente e a dividiu sem diversas sub partes a espalhando por todos os lados. Os Chunnins tentaram evadir-se ou até mesmo defender, mas foram controlados. O garoto soltou uma gargalhada como se estivesse sendo possuído por alguma criatura e implantou uma memória horrenda na mente dos shunobis. Agora já libertos não conseguiam se mexer devido ao choque de nunca terem visitado um mundo igual aquele, acabaram paralisados pelo medo e soltaram tudo o que tinham em seu estomago.

-Vejo coisas que outros humanos não podem compreender... – Falava inexpressivo, mas estava cansado. – Passarão a eternidade tentando entender, ao menos que apenas aceitem permanecerão assim até a morte! – Onoki não pode deixar de mostrar um pequeno sorriso com o canto da boca.

-Muito bem, por hoje está dispensado!

-Agradeço a cortesia, Onoki-sama! – Fez uma verna para agradecer e Kerberus aproveitou para saltar até seu ombro e permanecer quieto.

-Até mais, Onoki! – Kerberus parecia contente em ver que Uziel estava sendo bem cuidado pelo Homem, mas nenhum deles sabia o verdadeiro motivo de tanta dedicação.

Quando Uziel já não estava mais na Toca dos Heróis, o experiente shinobi aproximou-se dos corpos e se utilizou de seu Genjutsu para apagar as memórias e os deixarem como antes do treino. Agradeceu a ajuda e logo saíram da caverna, mas esqueceriam de o que havia ocorrido ou o que tinham feito, esqueceriam até mesmo a localidade da Toca. Um homem baixo entrava na caverna e tinha uma aparência estranha, mais parecia um rato.

-Prepare o esquadrão de Fuuin-nin! Uziel está pronto...

Com seu dia de folga, o pequeno Yamanaka voltou para a Pensão da Oba-chan onde morava. Aproveitou o resto do dia lendo alguns pergaminhos sobre as habilidades desenvolvidas por sua família e tomando um belo chá que Kerberus havia preparado. Ao crepúsculo do sol poente, o garoto começou a sentir um profundo sono assim como Kerberus e acabaram por entregar-se ao cansaço. Um shinobi apareceu meio ao quarto em fumo e pegou o pequeno Yamanaka o levando consigo.

Sentindo uma corrente gelada segurando suas pernas e braços, Uziel abriu seus olhos e com a visão pouco turva notou que já não estava mais em seu quarto. O céu estava totalmente estrelado o que lhe dava uma bela paisagem do mundo. Vários shinobis com capuz para esconder a identidade formavam um circulo em volta do garoto aprisionado. Várias marcas de Fuuin a sua volta e tochas, tudo indicava ser uma espécie de ritual.

-O que querem fazer comigo? – Não estava desesperado, muito menos aflito. Apenas curioso, afinal a qualquer momento poderia dominar a mente de qualquer um deles e conseguir uma fuga.

-Apenas colabore conosco, pequeno Uziel!

Uma voz feminina ecoou até os ouvidos do garoto que simplesmente assentiu com a cabeça, sabia que não havia nada de importante e se fosse algo errado, Onoki já teria aparecido para salvar-lhe como fez em outras vezes. Um grande baú estava frente ao corpo amarrado do garoto e quando foi aberto um grande manto de chakra carmesim começou a tomar a forma de uma Raposa, mas antes de ficar totalmente formado já começava a ser selado dentro do recipiente e este era Uziel. O garoto gritava sentindo todo o corpo arder como se estivesse sendo atirado as chamas infernais. A seção de tortura mal havia começado e o garoto já sentia que não sairia vivo daquela terrível experiência.

O selo seguiu durante toda a noite e ao nascer do sol, tudo havia acabado. Uziel estava vivo, mas agora estava totalmente exausto. Entretanto havia outra parte que somente o garoto poderia fazer e era a mais complicada de todo o processo. Conseguir dominar o poder da Kyuubi. Para não levantar suspeitas do ocorrido sobre o sumiço do garoto, o mesmo que o levou até o local, deixou-o em seu quarto na Pensão sobre os cuidados de Kerberus que soube de tudo através do ninja.

Aos 12 anos...

Minha cabeça latejava, meu corpo ardia, meu espirito estava conturbado e minha mente bagunçada. Não sabia dizer se meu estado atual era real ou apenas um sonho, se tudo o que ocorrerá fora uma ilusão ou de fato havia ocorrido. Abri meus olhos e notei que estava perdido em minha própria mente, havia memórias por todos os lados, eram tantas que mal me lembrava da maioria e este era meu maior medo, esquecer. De qualquer forma sabia que mesmo com dificuldades de recordá-las, em meus momentos de meditação poderia voltar a visitar aquele local para buscar minhas memórias e aprender com meus erros. Minha visão ainda estava um pouco turva e tudo ainda girava, tive de manter-me deitado por um tempo até meu corpo se acostumar com o local e tudo voltar a se estabilizar. Senti dificuldades em levantar com aquelas dores por todo meu corpo, quando finalmente fiquei em pé senti uma forte pontada em meu abdômen e ao olha-lo notei que havia um selo, não sabia qual seria sua utilidade e não tenho conhecimentos para decifrá-lo. Comecei a caminhar pelo local que mais parecia um labirinto sem paredes, havia quadros voando por todos os lados demonstrando minhas memórias e vários caminhos que poderia percorrer, mas sentia algo a me chamar e esta energia guiava meus passos. Em certo momento com minha dificuldade de andar notei que chegava a uma entrada de um túnel totalmente obscuro sem indícios de vida, um local inexplorado.

-Seja o que for, está me chamando...

Encarei a escuridão sem medo do que poderia ocorrer, uma única rota e as paredes me ajudavam a andar. Sentia-me cansado, como se houvesse passado por várias seções de tortura e longas lutas sem motivos. Por minhas contas já andava por mais de uma hora dentro da escuridão, mas sabia que naquele mundo, o meu mundo, o tempo era diferente, rumava ao seu próprio favor, poderia ter passado poucos segundos no mundo real como anos a fio. Ao longe notei uma pequena luminosidade, um forte brilho que se intensificava a cada novo passo e fazia sentir-me como que em casa, deitado em uma confortável cama a descansar e aproveitar o dia. O que esperava foi algo totalmente diferente da visão que tive, uma grande prisão com um selo em seu portão. Atrás das barras uma enorme criatura me observava com seus grandes olhos.

-Parece cansado... – Sua voz era grave e tudo ao meu redor tremia com seu tom, algo realmente incrível.

-O que é você? E como veio parar dentro de corpo?

-Hahahahahahahahaha..... – O monstro gargalhou por um tempo, mas logo notou que não havia alterado minha expressão. Estava tão sério como havia chegado. – Você realmente não sabe quem sou?

-Sim, você é meu cachorro... – Falei com tom de sarcasmo para irritar ou ao menos conseguir uma resposta.

-Ousado, mas este tipo morre cedo. Eu sou Kurama, o bijuu de nove caudas que todos chamam de Kyuubi!

-Kyuubi! Agora sei quem está à minha frente... – Sorri. – Achei que fossem histórias para boi dormir. Estranho, não vejo ninguém chamar-lhe de Kurama...

-Este é o pior dos erros humanos. Estou aqui preso em seu corpo, fui subjugado, mas percebo que será fácil domina-lo...

-Hahaha... – Não pude evitar, acabei gargalhando, pois não havia ninguém até então que conseguia controlar meu corpo. Encarei a fera inexpressivo como sempre. – Não sou um shinobi qualquer, deve ter notado minhas capacidades e sabe muito bem do que sou capaz...

-Almas... Isto me lembra do duas caudas, Nekomata... – Me olhava com certo gosto, como se planejasse algo. – Que tal um jogo de mente? Caso ganhe terá meu poder ao seu favor, mas se perder... – Gargalhou. – Seu poder será meu!

-Tudo bem, o que preciso fazer?

-Retire este selo, vamos batalhar um pouco...

Uziel confiante como sempre, nunca recusava um desafio, por maior que fosse. O jovem andou até o grande portão e foi levitado até o grande selo, com uma de suas mãos puxou de uma única vez. Kyuubi por sua vez, avançou contra o shinobi o acertando em pleno ar com uma poderosa investida e o mandando ao encontro direto com a parede. Uziel escorregou até o chão e cospiu um grande volume de sangue, aproveitando a chance, Kurama investiu novamente contra o ninja, mas logo notou algo de errado. O corpo caído ao chão agora sumia em meio ao fumo, seu corpo havia paralisado e apenas com os olhos olhou para trás notando que Uziel estava com um selo ativo.

-Caiu em meu jutsu de dominação do corpo... – Sorriu – Não parece ser muito inteligente...

-Não subestime meu poder, Uziel! Sou mais forte do que imagina...

A Kyuubi voltou a movimentar-se normalmente, havia se libertado do domínio do Yamanaka e agora estava a atacar novamente. Desta vez com suas caudas, o ninja sentia seu corpo arder, mas de certa forma conseguiu esquivar-se dos ataques com muita dificuldade, entretanto uma das caudas o acertou em cheio o arremessando para longe. Desta vez era o verdadeiro. Uziel encarou seu algoz e sorriu, como se o chamasse para dar o golpe final. Kurama aproximou-se, mas sentiu uma dor imensa ao tentar atacar o jovem com uma de suas patas, olhou para o jovem e não havia nada de errado, mas sua pata havia torcido sozinha. Outra ilusão que afetava a fera que desta vez se libertou novamente como antes.

-Você é mais poderoso do que imaginei...

-Obrigado! Mas não estou aqui para ser elogiado...

-Tem razão, mas cheguei a minha conclusão... – Sorriu – Colaborar com você é mais vantajoso, qualquer coisa posso lutar com meu verdadeiro poder e corroer você de dentro para fora...

-Hmmmm... Não vejo problemas com isso, sei quando não posso mais lutar...

-O que?

-Exatamente o que ouviu. Estou em meu limite!

-Hahahahahaha... – Gargalhou – Gostei de sua personalidade, parece que vamos nos dar muito bem...

Fechei meus olhos e quando voltei a abrir notei que estava em meu quarto da pensão. Olhei ao redor sem levantar meu corpo, pois ainda sentia das dores do selamento. Kerberos aproximou-se de mim e simplesmente sorriu.

-Uma semana em coma! Desta vez foi rápido.

Aos 14 anos...

Desta vez Uziel estava sozinho, teria de cumprir a ordem que lhe fora entregue e somente voltaria a Konoha quando encontrasse uma velha senhora capaz de modificar sua idade através de um poderoso ninjutsu médico, era mais conhecida como a Flor do Deserto. Assim como a planta, a kunoichi possui habilidades raras e é considerada por muitos a melhor médica que existe em todo o mundo, devido o fato de curar até mesmo aqueles que se julgam mortos. Não havia escolha melhor para uma Mestra naquele caminho e para seu próprio bem, Uziel deveria aprender a arte da Medicina que lhe seria útil em diversas condições. Para aquela viagem usava uma roupa diferente da que costumava utilizar, totalmente branca, uma túnica larga que permitia a ventilação do torso aliviando o calor, calças largas com o mesmo propósito da túnica, botas para impedir que a areia entrasse no calçado e ferisse os pés, para acabar um chapéu largo para proteger a cabeça do sol. Portava consigo um cantil que preserva a água em boa temperatura para se refrescar quando necessário e uma pequena bolsa com alimentos não perecíveis ao calor ou frio.

Durante dias a fio, Uziel mantinha um único caminho, sabia onde deveria ir para iniciar sua busca. A Médica não tinha aquele nome atoa, ela mora em um Oasis próximo ao mar no País do Vento, mais conhecido como Oasis de Siwa. Um local cheio de palmeiras e casas projetadas com o mais alto dos conhecimentos sobre engenharia e arquitetura para permitir-lhes a mais agradável temperatura possível, poucas pessoas vivem por aquelas regiões, mas como se trata de um porto de Navios, possui um movimento constante de viajantes. Pessoas de todos os locais, muitos eram mercadores de terras longínquas, já outros apenas pertencem à alta sociedade. A viagem fora de longe a mais cansativa possível, o shinobi deve de enfrentar alguns bandidos e até criaturas que habitam o deserto para finalmente chegar ao destino tão esperado.

-Minha empreitada mal começou e já tive diversos desafios... – Falava somente para si, mas Kurama poderia ouvi-lo em alto e bom tom.

-Se está mulher for realmente tudo o que falam.... – A rapoza falava dentro do corpo do Shinobi que consegue ouvir perfeitamente, mas nenhum outro poderia. – Não irá se arrepender.

-Preciso descansar antes de seguir minha busca pela Flor do Deserto.

-Flor do Deserto está em viagem, jovem andarilho... – Uma voz rouca e abafada despertou Uziel de sua concentração. Um senhor com longa barba branca e vestido como um Ocidental, andava para perto do homem com a ajuda de uma bengala esculpida a mão com diversos efeitos em prata e outro. – Ela precisava de ervas para seus medicamentos e deve estar de volta em poucos dias. Faz muito tempo desde que saiu em sua viagem com um dos Mercadores e não deve custar a voltar, já que o navio dele está ancorado no porto.

-Está informação é muito útil, sabe me dizer o nome deste Mercador?

-Ninguém sabe seu verdadeiro nome, mas todos o conhecem como Arcadius, o mercador de pratas.

-Isto me foi muito útil, agradeço sua ajuda... – O Senhor sorriu e continuou seu caminho rumo a uma grande casa que aparentava ser um balneário de alto custo.

-Arcadius...

Cansado, Uziel voltou a caminhar em busca de uma pousada para passar a noite e estar recuperado da viagem para iniciar sua busca. Não queria nada luxuoso, até porque não teria o dinheiro para bancar um hotel com toda mordomia. Ele queria apenas descansar em um quarto para evitar os ventos gelados do deserto noturno. Após uma longa noite de descanso, Uziel estava pronto para entrar novamente em ação. A primeira coisa a ser feita, foi procurar por Arcadius e pedir informações sobre a Flor do Deserto.

-Flor do deserto é uma bela mulher, quem a olha não a julga com 30 anos... – Ele parecia hipnotizado – Parece estar no auge de seus 20 anos!

-Entendo. E sabe me dizer se ela demora a voltar?

-Não se preocupe garoto! Ela voltará hoje mesmo. Está em meu outro navio, pois se atrasou um pouco e tenho entregas importantes para hoje...

-Bom, ficarei ao aguardo de sua chegada.

A manhã passou lentamente, talvez fosse à ansiedade do jovem Yamanaka que lhe dava aquela impressão, mas no começo da tarde, um grande navio ancorava no porto. Vários marinheiros começaram a descarregar a mercadoria e após um tempo, uma mulher de pele morena e grandes cabelos negros, com um top preto, uma calça colada ao corpo mostrando toda sua sensualidade saia caminhando com algumas bolsas. Sua beleza é admirável e acabou hipnotizando Uziel por alguns poucos segundos. O shinobi se recompôs e aproximou-se da bela mulher.

-Flor do deserto, suponho...

-Sim, mas não irei atender ninguém está semana! Estou ocupada com alguns afazeres...

-Não venho pedir um atendimento! Quero tornar-me seu discípulo... – Ela parou de caminhar e me encarou nos olhos. Era como se procurasse por algo em minha mente.

-Hmmm... Interessante... – Sorriu – Você me lembra de algum antigo amigo... – Ela parecia vasculhar por sua mente e não iria interferir em sua busca. – Você não seria um descendente da vila destruída, Seishin Seikatsu não é?

-Como sabe sobre isso? Por acaso consegue ler minha mente?

-Os olhos revelam a alma e a sua me recorda a de um velho amigo com quem aprendi está habilidade... – Sorriu – Shamira!

-Minha Mãe? – Uziel estava confuso, como ela sabia de tudo aquilo. – Como você?

-Eu vivi por muito tempo na Seishin Seikatsu e conheci sua Mãe quando era apenas uma garotinha, naquela época eu já exercia minha função como médica, mas não era famosa!

-Minha Mãe morreu aos 27 anos. Como você já a conhecia e ainda tem 30 anos? – Ela gargalhou e me encarou.

-O fato é que nem mesmo eu sei mais minha verdadeira idade. Meu jutsu é perfeito, claro que no dia em que meu chakra esgotar, morrerei no mesmo instante, mas gosto de pensar que sou imortal!

-Bom, de qualquer maneira. Me aceita como seu discípulo?

-Claro que sim, sua Mãe foi uma ótima pessoa e não duvido que tenha um bom coração como ela.


Por três meses continuei no Oasis de Siwa aprendendo com Flor do Deserto sobre ervas medicinais, o tratamento de certas doenças e ferimentos e como utilizar meus conhecimentos em meio à luta. Ela compartilhou comigo sua verdadeira idade, mas não revelou o segredo do jutsu que desenvolveu. Após longos treinos atendendo as pessoas que chegavam ao escritório e auxiliando Flor do Deserto em cirurgias, retornei a Konoha por uma viagem de barco. Certamente foi mais longa do que viajar por terra, mas muito menos cansativa. Fui recebido por Kerberos que sentiu minha aproximação e já agendou um teste no Hospital como havia lhe solicitado para fazer. Mesmo cansado assim que cruzei os portões notei que Kerberos já pulou em meu ombro e me revelava que seria o próximo a passar pela prova de Médico.

Os conhecimentos da Flor do Deserto eram grandes demais para que eu absorvesse todos, mas aprendi um grande número de coisas que me seriam uteis a qualquer momento, até mesmo em pleno combate. Meu teste final seria passar por um mês no Hospital atendendo os feridos, independente da situação. Após aquele tempo até consegui uma sala de atendimento somente para mim, mas decidi levar minha vida como Shinobi, na verdade era obrigado a levar minha vida o que não estava achando ruim. Sempre que necessitasse poderia utilizar uma das salas do Hospital para realizar atendimentos e até se mudasse de ideia teria meu local reservado como Médico de Konoha.

Aos 18 anos...

O aroma de ervas tomava conta do pequeno espaço de Uziel, desde que se recorda mora no mesmo lugar, um dos espaços da Pensão Obaachan ou Vovó Kieko como gosta de ser chamada. Há uma ótima visão para um grande lago que reflete o sol e torna a paisagem ainda mais bela ao fim de tarde quando o céu torna-se uma bela mistura de laranja, vermelho e amarelo. A residência em si é pequena, possuí apenas três cômodos sendo um deles o misto entre sala e cozinha, um quarto, um pequeno escritório utilizado para estudos e um banheiro. Aquele é um ótimo local para Uziel, mesmo porque não o utiliza muito, serve apenas de faixada para que possa aproveitar ao máximo a Toca dos Heróis com sua localidade pouco reveladora e de difícil acesso.

-Kerberos? – Era uma pergunta retórica, afinal aquele nível de chakra se aproximando passava e muito o do próprio Shinobi. O celeste havia saído para resolver algo, como sempre faz a cada ano. – Já voltou?

Mesmo sabendo que não era sua mascote, o chakra tinha um sinal muito familiar, mas não lembra ninguém que já tenha visto. Antes sentado em sua poltrona lendo um livro, Uziel caminhava em direção à porta da residência com uma kunai escondida, olhou para o olho mágico instalado na porta para ver a visita e tudo o que conseguiu ver era um pé. A porta desabou esmagando Uziel.

-Alguém em casa? – A voz era firme e sensual, mesmo sendo uma mulher. – Pode sair de baixo da porta! Já entrei no quarto... – Uziel estava confuso, não conseguia entender como ela sabia que ele estava ali e nem o porquê sentia que era tão familiar, mas sua fisionomia não lhe recordava ninguém.

-A quem devo a honra... – Falou com dificuldades, mas já se recompondo.

-Não acredito que não reconhece a própria irmã!

-Irmã, mas não tenho família... – Estava totalmente confuso, sem saber o que responder ou pensar.

-Então o poder que ativou realmente mexeu com sua cabeça... – Ela parecia falar sozinha, mas logo notei que havia algo em sua volta. – Materializem-se! – Duas entidades que nunca havia visto antes apareceram seu lado, lembravam e muito lobos. – Conheça Ying e Yang!

-É um prazer conhece-lo, Shaman Uziel! – Falaram em uníssono e tudo ficou mais confuso ainda.

-Que tal esperar que eu arrume minha porta e sentarmos para tomar um belo chá, enquanto vocês me explicam quem realmente são e porque me chamaram de Shaman? – O shinobi falou tudo àquilo de forma retórica e já estava levantando a porta que havia caído por completo em cima do garoto.

-Concordo! – Falou a garota de cabelos verdes e com um belo corpo. – Vamos conversar em particular.

Após algum tempo, finalmente tudo estava em ordem e agora poderiam conversar normalmente. Aquelas entidades deixaram Uziel de forma desconfortável, mas a tal garota que o chamava de irmão dizia a verdade, era simples usar as próprias habilidades para investigar a mente dela e saber se tudo era de fato real. No fim das contas, Ryofu, realmente é a Irmã mais velha de Uziel que no dia do atentado à Seishin Seikatsu, estava passando pelo treino para poder falar com os mortos e naquele mesmo dia, Uziel visitou o submundo vendo cenas tão aterrorizantes que limparam sua mente com o choque que lhe foi causado. Aquele era o principal motivo pelo qual não sabia quem era.

-Então, vamos ao treino?

-Treino? – Uziel olhou confuso para sua Irmã que sorria. – Que treino?

-Você é o herdeiro da família mais poderosa de Shamans, acha que pode ficar sem falar com os mortos? – Ela sorriu de jeito maléfico. – Preciso de um local calmo, sem ninguém por perto para fazer o ritual!

-Tem um lugar que podemos usar, mas precisa manter segredo sobre ele...

-Vamos logo! Não tenho tempo para ficar com ladainhas, minha vila não tem força militar e podem estar sendo alvos de ladrões...

-Tudo bem...

O confinamento na Toca dos Heróis durou dias a fio, até mesmo Kerberos chegou de sua jornada e acabou lembrando-se de Ryofu em sua mente bagunçada. Havia algo estranho, tanto Kerberos como Uziel, estavam sem nenhuma memória do passado, apenas com cenas irreconhecíveis. Ryofu teria de investigar aquilo, mas em outro momento. Uziel passou pelo mundo dos mortos em todos os níveis e firmou acordos com dois demônios para ajudar-lhe em rituais, aqueles seriam seus Shikigami, iguais ao Ying e Yang de Ryofu.

-Parece que terminamos...

-Sim, uma pena ter que ir embora. Gostaria de viver contigo...

-Temos vidas distintas e minha esposa está ao meu aguardo, nossa vila deve estar em perigo!

-Esposa?

-Sim, sou casada com uma mulher. Acho que não tem problemas com isso, não é?

-Nã... Não! – Uziel estava com medo, afinal sua Irmã possuí força descomunal além de ser super rápida. Mas não tem muito talento com Genjutsu, entretanto seu Ninjutsu é de ótimo nível. Uma shinobi completa. – Quero conhecê-la um dia!

-Sim, um dia...

Ryofu saiu naquele mesmo instante de Konoha e seguiu para uma pequena vila do País do Vento, ela fica ao redor de um Oasis quase como o que Flor do Deserto vive.