Dentro do clã Hyuuga sempre existiram dois ramos de família, os da linhagem principal que eram a parte nobre, rica e obviamente principal da família, eram os comandantes, e a linhagem secundária que na verdade em nada se diferenciavam dos de linhagem principal, muitos até podiam chegar até a ser mais fortes do que os seus opressores, mas, a tirania do ramo principal daquele clã nem por isso deixava de existir, os selos eram colocados naqueles escolhidos para serem do ramo secundário, e o sofrimento que aqueles indivíduos passavam só mesmo eles podiam saber.

Ryougi nasceu escolhido para ser da família secundária, porém por sorte ou ironia do destino os seus pais eram da família principal e com a grande influencia que tinham dentro do clã conseguiram que o garoto não recebesse o selo como os outros, mas deveria cumprir a tarefa de proteger um dos herdeiros da família principal como era de costume, os pais do garoto aceitaram as condições e depois daquele instante não poderiam mais ter nenhum tipo de contato com o seu amado filho. Aqueles eram outros tempos, os membros da família secundária eram escolhidos através de votação.

O Clã Hyuuga tinha segredos obscuros e perigosos que ninguém ousaria tentar descobrir pois ficaria com medo só de ouvir as história, mas logo parte desses segredos seriam revelados, obviamente da pior forma possível. Ryougi foi forçado a dedicar a sua infância a treinamentos intensivos diariamente, dessa forma descobriu a sua aptidão para o Elemento Terra e conseguiu desenvolver consideravelmente a sua habilidade em taijutsu que era a especialidade daquele clã. O protegido de Ryougi se chamava Kurama, um rapaz habilidoso e humilde, diferente dos outros membros da família principal e diferente das outras relações entre protegidos e protetores aqueles dois rapazes se davam extremamente bem, por vezes até mesmo realizavam alguns treinamentos juntos, porém Kurama havia nascido com uma doença que tornava o seu corpo frágil e por isso necessitava ainda mais da proteção de Ryougi.

Num certo dia, á tarde, os dois rapazes haviam tirado á tarde para bater um papo amigável depois de terem concluído todos os seus treinamentos diários, estavam passando por uma rua principal do centro de Konoha e foi quando de repente integrantes da família principal do clã Hyuuga apareceram saltando pelos tetos e cercaram os dois jovens como se fossem os piores criminosos da vila da folha, a multidão no centro da cidade parou para olhar.

- Precisamos que venham conosco imediatamente. – Pegou Kurama pelo braço, aquele parecia ser o líder do grupo.

- O que pensa que está fazendo? – Deu um tapa no braço do homem fazendo-o soltar Kurama. - Ele não vai a lugar algum a não ser que me digam o que está havendo? – Estava fazendo muito mais que o seu trabalho de protetor, estava fazendo o papel de amigo.

- Cumpre o seu papel muito bem garoto... – Disse um outro homem que estava atrás de Ryougi.

- É o avô do Kurama, ele está morrendo. Kurama é o herdeiro do poder, precisamos transferi-lo agora ou será tarde demais. – Tanto Kurama quanto Ryougi ficaram surpresos e sem pensar seguiram o grupo até o quartel general dos Hyuuga.

Uma vez dentro do quartel seguiram até um pequeno quarto onde estavam apenas três shinobis com mascaras e o avô de Kurama.

- Apenas o herdeiro e seu protetor devem entrar. – Disse um dos homens mascarados e rapidamente a ordem fora acatada.

Uma ver que Ryougi e Kurama já haviam adentrado o quarto a porta foi trancada por um dos shinobis mascarados e a situação fora explicada imediatamente, falaram sobre os Bijuus, depois falaram que aquele que estava dentro do velhote era o Nanabi e que o selariam dentro do Kurama, porém, antes que alguma coisa pudesse ser feita o avô do garoto estendia a sua mão como se quisesse dizer algo. Um dos homens mascarados se aproximou do frágil senhor e colocou o seu ouvido próximo a boca do mesmo para ouvir os seus sussurros, segundos depois o mesmo voltou a se aproximou dos outros.

- Ele disse que se Kurama receber Nanabi morrerá. Não podemos correr este risco, terá que ficar com este monstro garoto, é sua tarefa de protetor. – Imediatamente como se agisse por instinto Kurama atravessou na frente de Ryougi.

- Por favor, ele não merece passar por isso, me deixem correr este risco.

- Se você morrer durante a transferência, Nanabi estará solta e isso será o fim de Konoha!

- Farei isso... Pela vila também, mas principalmente por você, Kurama, odiaria ver você morto ainda mais se fosse por uma falha minha. – Sem deixar que o seu amigo contestasse alguma coisa deitou-se na cama ao lado da do avô de Kurama.

Sem reação o amigo de Ryougi apenas começou a chorar enquanto observava o que se passava. A transferência foi iniciada, os três ninjas mascarados eram especialista em fuuinjutsu e por isso ao final de meia hora o processo havia sido concluído com sucesso, porém Ryougi estava desmaiado. Perder ou não o controle da sua mente estava em suas próprias mãos.

Os olhos de Ryougi abriram-se gradativamente, ainda assim permaneceram no escuro absoluto, seja lá que lugar fosse aquele, era muito escuro, escuro a ponto de a visibilidade ser zero por cento. O chão era composto por terra e rochas e isso se podia perceber quando o Hyuuga tocava o mesmo com as mãos. Levantou-se cuidadosamente afinal, em território desconhecido a última coisa que se deve fazer é ficar com a guarda baixa, se distrair ou se descuidar. Respirou fundo e quando finalmente tomou coragem, Ryougi começou a caminhar vagarosa e cuidadosamente sempre verificando por onde ia pisando com o seu pé para ter a certeza de que o solo era realmente firme e seguro de se pisar.

De repente um zumbido infernal e estonteante ecoou por todo aquele local seguido de um estrondo enorme semelhante ao barulho de um animal selvagem que tenta fugir de uma gaiola quando está aprisionado, foi então que tochas se ascenderam mostrando para Ryougi um corredor extenso que parecia não ter fim, mas, vindo lá do fim daquele mesmo corredor, gritos demoníacos de um monstro ou um animal muito grande podia ser ouvidos. Ryougi olhou para os lados e para trás e não viu nenhuma porta por onde poderia sair, sua única alternativa era seguir os gritos aterrorizantes do monstro, provavelmente haveria alguém naquela direção que fosse responsável por aquele lugar e que com certeza tiraria ele dali.

Caminhou em linha reta por cerca de meia hora e foi então que finalmente conseguiu encontrar uma porta. - A saída. – Sem contestar-se a si mesmo o Hyuuga simplesmente abriu a porta e a atravessou rapidamente. A visão diante dos olhos era algo impossível de se acreditar a não ser que estivesse realmente vendo aquilo.

- Que diabos é isso? – Disse num tom de espanto, o que acabou chamando a atenção da criatura.

O monstro virou todo o seu corpo gigante vagarosamente até finalmente ficar de frente para Ryougi, a sua aparência era simplesmente incrível, um besouro gigante com seis asas e uma calda enorme, mas o que seria aquilo? E o mais importante, por que estava ali?

- Ora vejam, então resolveu atender ao meu chamado? Garoto idiota! – Segurou firmemente as grades com os seus braços gigantes e começou a chacoalha-la com toda a força fazendo um barulho quase insuportável. - Vamos, me solte seu idiota! – A voz demoníaca daquele bicho conseguia ser ainda mais alta e insuportável que aquele barulho de grades sendo agitadas.

- Ei, espera um pouco. Por que acho que tenho alguma coisa haver com o fato de você estar preso nessa jaula? – Realmente Ryougi não se recordava de nada do que havia ocorrido nas últimas uma hora. - Estava com o Kurama e então tudo ficou escuro, quando recobrei a consciência estava aqui neste local. – Ryougi conversa com aquela criatura como se ela fosse uma pessoa inofensiva.

- Não se faça de tolo, sabe muito bem que fui selado dentro de você e que estamos dentro da sua mente, garoto burro! Idiota! – Deu mais um dos seus urros demoníacos. - Agora vamos, me solte!

Ryougi teve uma rápida dor de cabeça e junto a ela todas as lembranças das ultimas uma hora que se haviam passado antes de acordar naquele lugar voltaram para a sua consciência. - Então foi isso... – Alguns segundos de silencio pairaram naquele lugar.

- Olha Kabutomushi, está aqui para a segurança de muitos e não pense que irá sair tão facilmente. – Sorriu debochado enquanto encarava o bijuu. - Em minha opinião deveríamos cooperar um com o outro para tornarmos as coisas mais fáceis, não pense que estou aqui, a fim de te prender todo o tempo, mas também não posso te deixar sair.

- Como queira, mas saiba que na primeira oportunidade que eu tiver de fugir, o farei.

- Que seja, até lá aqui será a sua casa. – Deu as costas para o monstro e simplesmente fechou seus olhos.

Quando voltou a abrir os seus olhos estava num quarto de hospital, provavelmente de Konoha e Kurama estava sentado ao lado da cama, sorrindo por agora saber que seu amigo estava bem.

- Que bom que está bem, amigo. – Apertou a mão de Ryougi depois que o mesmo já havia se sentado na cama. - Já expliquei o que aconteceu aos membros do clã, a grande maioria reagiu mal, mas o que importa é que está bem.

- É, é o que parece... – Carregar o fardo de ter um monstro dentro do seu corpo não era fácil, se por um acaso perdesse o controle Ryougi era quem levaria a culpa e não o monstro.

A única certeza dali para frente era: o único verdadeiro amigo de Ryougi era Kurama, todos os outros passariam a olha-lo diferente não só por ter “roubado” a herança como também por ter um monstro, afinal, ninguém no clã além dos lideres sabiam da existência de Nanabi dentro daquele clã.