Konoha pairava a paz, e diferente, da riqueza e da pobreza, que necessitam uma da outra para existirem, a paz só precisa dela mesma para sua existência. Na realidade todo o Mundo Shinobi estava em paz na época em que Lass nasce. Era um dia de céu aberto, e uma família que morava na área oeste de Konoha estava para ganhar seu novo descendente. Durante o parto estavam presentes a mãe (obviamente), o pai e a avó paterna, a qual coordenava o parto. De longe ouviam-se os grito da mãe de pura agonia, e o pai, um pouco afastado da cama de parto, observava aquela cena com olhar de estranhamento. Era de se estranhar sim aquela reação do pai, afinal de contas, era um Jounin que já tinha visto imagens bem mais perturbadoras do que aquela. Toda aquela família era shinobi, a avó, já aposentada, fora relativamente famosa no Mundo Shinobi, de uma era passada. Sim, a avó da família era bastante velha, porém com uma força de espírito inabalável. Aquela velha não era nascida em Konoha, ninguém sabia de suas origens, a única informações que Konoha possuía sobre ela é que aparecera um dia, ainda criança, pedindo abrigo ao Hokage. A partir daí, levou a vida como Kunoichi, e demonstrou possuir uma Kekkei Genkai intrigante, o controle de Chakra Puro. Fez-se fama com esse poder e em Konoha criou sua família, para neste momento da história estar ajudando sua nora a parir seu neto. Com exceção dos gritos da mãe, Lass nasceu sem problemas. Os dias passaram, e o pai de Lass foi chamado para uma missão de Rank S. Parecia que um governador de uma cidade no interior no País do Fogo havia sido sequestrado. Nesses tempos, Lass possuía 5 anos, e gostava muito do fato de o pai ser um Shinobi, e sonhava em ser um também. O garoto sempre antes de o pai sair em missão beijava-o no rosto, do mesmo jeito que a mãe fazia, numa forma de pedido as energias maiores de protegerem aquele homem e trazê-lo de volta vivo, ainda mais quando era de conhecimento de todos que a missão era Rank S. Chegando na cidade, o pais se depara com um povo comum, como se nada tivesse acontecido, um cenário contraditório com o que lhe foi apresentado na sala do Hokage, o qual colocou que poderiam ter ataques já na chegada da cidade, pois os sequestradores haviam tomado a cidade para eles. Adentrou a cidade, foi até o centro, onde se encontrava o Prédio do Governador e chegando lá, foi abordado por dois sujeitos de aparência nem um pouco amigável que lhe perguntaram com quem queria falar. “Onde está o Governador?” disse o pai. Menos de um segundo levou o sujeito à esquerda do pai de Lass sinalizar e uma quadrilha de sequestradores saltaram dos telhados das casas nos arredores, e renderam o pai. Vendaram-no, e quando obteve a visão limpa novamente, estava numa cela, na companhia de outro homem, que segundos depois foi descobrir ser o próprio Governador. Perguntou ao homem se sabia o porquê de estar ali em cativeiro, devia estar muito abalado, pois contou um segredo que não era suposto nenhum Shinobi nem nenhum cidadão saber, a Kyuubi, Bijuu das Nove Caudas, estava naquela cidade, e as demais Bijuus também estavam escondidas em pequenas cidades no resto do Mundo Shinobi, como forma de disfarce. Dizia não ter contado, ainda, o local onde estava contido o demônio, mas já fora muito torturado, e não sabia se ia aguentar até a próxima sessão. O pai então pediu para que o governador contasse a localização da Kyuubi, pois ele era mandado de Konoha para remediar a situação, e sabia exatamente o que fazer, era uma ideia maluca, até suicida, mas melhor do que a paz terminar naquele mundo. O governador deu ao shinobi uma chave, que dava acesso a uma sala a qual estava um jarro onde a Kyuubi estava contida. Com muita destreza, o pai escapou da cela, junto com o governador, e o levou junto até a cela, e no caminho até lá, teve de eliminar alguns inimigos, e o resto da quadrilha já sabia da situação, e se colocava em posição de alerta. Os inimigos não eram Shinobis, mas provavelmente aquele trabalho que estavam fazendo estava sendo pago por algum Shinobi que queria colocar as mãos na Bijuu, porém esse era um assunto o qual o pai não deveria se preocupar no momento. Com o jarro nos braços, ele escapou na residência em que se localizava a Kyuubi, e ao sair, estava cercado pelos inimigos. Por sorte, conseguiu utilizar de um Shunshin e de uma kunai explosiva como distração e conseguiu manter uma distância dos inimigos para fugir. Vendo que eles já começariam a segui-lo, teve de tomar uma decisão drástica. Pediu para o governador manter a calma, e que ficasse de olho para ver se os inimigos estavam chegando na floresta em que a dupla se localizava. O pai deixou claro que precisava de tempo, e o Governador, muito leal a Konoha e ao País do Fogo, decidiu colocar-se a frente do exército de inimigos que vinham, para que o pai fizesse o que tinha em mente, que era selar aquele demônio nele mesmo, pois um jarro seria fácil de se obter, uma pessoa, nem tanto. Por ser especialista em Fuuinjutsus, selou com sucesso, porém aquela queimação no corpo devido à grande quantidade de chakra, o fez ficar muito fraco, porém viu o governador ser morto logo a sua frente, e pensou “ele deu a vida dele, tenho que honrá-la”, e assim criou energias para correr adiante. Ao ver os portões de Konoha, suas energias acabaram, e desmaiou, porém até aquele ponto já havia despistado os inimigos. Foi acolhido por alguns Shinobis que rondavam os muros de Konoha, e foi levado até o Hokage, que chamou a avó da família, que analisou o filho, por ser especialista em Fuuin também, viu que aquele selo utilizado era temporário, ou seja, ao ideia do filho era servir de transporte da Bijuu, sacrificando-se. A velha pouco se abalou, e o Hokage deixou a decisão para a avó, por ser mais experiente, e esta disse que guardar novamente em um objeto não seria o ideal, pelo fato do ocorrido a alguns momentos anteriores, logo lhe veio a ideia de levar o filho até seu neto, Lass, e selar a Bijuu, que logo seria libertada do corpo do pai. A avó sabia apenas um Fuuin capaz de faz aquele selamento, porém, esta também morreria. O alívio da família era a mãe, que ainda estaria ali para cuidar do garoto. A mãe por sua vez estava desesperada com a situação, e não queria que selassem no garoto aquele demônio, e nem queria que ninguém morresse, pobre moça que era apenas uma comerciante de molduras, e não entendia nada de ser Shinobi. A velha pediu para que o menino ficasse calmo, porém o garoto não entendia porque o pai estava tão “cansado” e porque tinha que deitar ao lado do pai também. A velha bateu na cabeça do menino para que ele desmaiasse e não sofresse tanto com a dor quanto com o pai morrendo e também com os gritos da mãe, realmente era uma situação bem perturbadora, a mais perturbadora que aquela família havia presenciado. O chakra fluiu forte para fora do corpo do pai, sugando sua vida junto, passou pelas mãos da velha, a qual direcionou para o garoto. A Kyuubi fazia os cabelos do garoto brilharem por um momento e tomarem a cor um pouco mais intensa de vermelho. Duas vidas haviam se perdido naquela casa, e três naquela história, se contarmos a vida do Governador. Agora restava um futuro impossível de se adivinhar, ao lado de sua mãe, e com a Kyuubi dentro de si, Lass tem de honrar sua avó, o Governador, e principalmente, seu pai. A paz pairava em Konoha.

Era o último dia da Academia Ninja. Finalmente Lass conseguiria se formar como um verdadeiro Shinobi, e seguir os passos de sua avó, e de seu pai. E tudo aquilo ele havia conquistado com muito suor, em relação a sua mãe que nunca foi a favor do garoto seguir carreira, se é que podemos assim dizer, militar. Com certeza era pelo medo de perder seu último ente querido, e coincidentemente, o mais querido, seu filho. Mas a vontade do garoto era maior, muito maior do que o medo da mãe, e com muita insistência, e sempre com brilho no olhar, conseguiu ingressar na academia ninja, e aprender com vários colegas diversos jutsus que considerava muito legais. Estava sentado em sua carteira esperando o Sensei chama-lo para o teste final, o qual consistia em fazer um Bunshin e a partir deste um henge do próprio Sensei. Lass estava nervoso, não sabia porque, afinal, nunca tinha ficado nervoso nos outros testes ao longo de seus anos na escola, porém aquele dia seu coração batia mais forte, visitara o banheiro pela terceira vez naquela manhã, e o sol acabava de atingir as 11 am. Os nomes eram pronunciados, e o garoto ficava perplexo com o fato de demorar tanto para sua vez, e devido a sorte ou azar, ele foi chamado, quando só restava-lhe seu próprio pensamento naquela sala vazia. Cumprimentou o Sensei, e este deu ao aluno as instruções do teste. O garoto fez um Selo e neste momento um chakra vermelho envolveu sua mão, e no próximo piscar de olhos, não se via mais na sala do Sensei, mas sim numa área não identificável, com um cinza infinito, e uma enorme sombra a sua frente, aparentemente acorrentada. Não sabia bem o que era aquilo, até se aproximar de tocá-la, e foi então que a sombra brilho, por mais contraditório que pareça ser. Os pelos daquela sombra se arrepiaram e demonstraram-se avermelhados, exatamente da cor dos cabelos de Lass, e a sombra se mostrou ser uma enorme raposa, com um diferencial de ter 9 caudas.
- Ahn? Uma raposa? Com nove rabos?
Mal sabia o jovem que seu linguajar era deveras chulo, afinal de contas, se referir as caudas de uma Bijuu como “rabos” era no mínimo, inapropriado. A Kyuubi mantinha-se calada, contendo-se, esperando para ver o que o garoto faria. Era praticamente uma criança, tinha exatos 12 anos, e ainda não tinha a malícia de temer monstros daquele gênero, muito pelo contrário, até gostava de ver monstros, como em filmes que tanto gostava. Sem pensar no que poderia acontecer, o garoto avançou os passos que lhe restavam em direção a Kyuubi e tocou-a com a mão direita, a qual começou a queimar, e assim o jovem saltou para trás num susto
- Ai! O que é isso?!
Depois disso o garoto recebeu uma rajada de ar vinda da boca da Raposa, e junto com isso teve seus tímpanos quase rompidos devido ao altíssimo rugido da Bijuu. Não era um rugido querendo destruir o garoto, pois sabia que não conseguiria acorrentada daquele jeito, mas sim de ódio por estar presa e correr o risco de ser um sujeito mal caráter, maligno, como considerava a maioria dos Shinobis, na realidade, do humanos em geral.
- Quem é você?
- PIRRALHO TOLO, EU SOU KYUUBI NO YOUKO, A BIJUU DAS NOVE CAUDAS!
Aquilo não fazia muito sentido para o garoto. Ele já estava bem afastado do monstro, que continuava pronunciando palavras irrelevantes para Lass, até ouvir o nome de seu pai, e descobrir que fora ele quem trouxera a Kyuubi até a vila e fora sua avó que selara aquele monstro no jovem. A partir daí tudo fazia sentido. Sua mãe havia lhe contado que a avó e o pai tinham saído em viagem em busca de descendentes do clã, e que a visão de ver seu pai morto e sua avó desesperada reproduzindo selos de mão fora tudo um sonho, o que na realidade não era sonho, mas sim os últimos momentos dos Shinobis da família. Não estava irritado com a mãe, sentia uma simpatia maior ainda por ela, afinal de contas, ela guardava todo aquele rancor e tristeza dentro dela, e ainda sim procurava proteger o jovem, pois sabia que poderia ser visto como ameaça se as outras pessoas soubessem que ele possui a Kyuubi dentro de si. Depois de todo esses fatos serem organizados na mente do garoto, voltou o olhar para a Kyuubi
- E o que nós estamos fazendo aqui? Eu tenho que ficar com você para o resto da minha vida? É isso?
- COMO JÁ DISSE MOLEQUE, NA PRIMEIRA OPORTUNIDADE QUE EU TIVER, VOU ME LIVRAR DE VOCÊ, POIS POUCOS SÃO OS QUE CONSEGUEM CONVIVER COMIGO, E QUE EU POSSO SUPORTAR, DUVIDO QUE VOCE SEJA UM DESSES!
Lass entendia então o que a Kyuubi queria dizer, a Kyuubi estava na mesma posição de Lass, de nunca conseguir se conciliar com uma pessoa profundamente, verdadeiramente. Tudo bem que o garoto possuía muitos colegas na academia ninja, porém nenhum era um verdadeiro amigo. Certo dia estava com o pensamento voando longe de nosso mundo, e chegou à conclusão que não tinha nenhum amigo que daria a vida para salvá-lo, e isso o deixava triste, ele era amigo de todo mundo, mas ao mesmo tempo, de ninguém.
Lass sabia que não era fácil fazer amizades, mas não possuir nenhuma depois de tanto tempo com os colegas? Ele não entendia o porquê, tudo que queria era alguém para sempre ter do lado, que o aguentasse nos momentos de ódio, e que o entendesse, e também que não fosse sua mãe. Decidiu então apresentar todos esses fatos para a Bijuu, que se viu espelhada no garoto, com o único diferencial de não ter nem ao menos os “colegas” citados.
- É triste tudo isso... Não é que eu não suporto ninguém, mas parece que ninguém quer me suportar, ninguém dá a mínima, quando precisam de mim, eu estou as ordens, mas quando preciso deles, onde estão? E você também se sente assim, sempre sozinha até imagino viver tantos anos num jarro, assim não dá né? Eu sei que os humanos foram cruéis com você, na realidade eles são cruéis com tudo, até com os próprios seres humanos, mais ainda há de existir o dia em que essa paz em que vivemos hoje, conviva com um mundo sem crueldade, com compreensão e amizade. Eu posso não ser um verdadeiro amigo de ninguém ao meu redor, mas com alguém que está dentro de mim, poxa, vamos tentar um dia sermos verdadeiros amigos... Já vi que eu te entendo, por favor, me entenda... Recomecemos... Meu nome é Lass e você?
A Kyuubi manteve-se num silêncio que o garoto não esperava. Parecia pensativa, após todo o discurso proferido pelo garoto. Seria capaz mesmo um ser humano se sentir tão isolado e desamparado quanto uma Bijuu? Mesmo com todas as diferenças? Sim, pois o mundo em que vivam é o mesmo, e isso basta. Não sabia no que aquilo ia dar, mas queria saber, e mais ainda, queria que desse certo aquela parceira regida pelo desamparo
- Kurama.