Naquela noite nem dormiu, ou melhor dormiu apenas o suficiente por debaixo de uma árvore pequena e longe dos olhares. Assim que o sol voltou a aparecer, já Katayo estava completamente desperto e a continuar o seu caminho para o interior do país.

Mais uma missão de risco e desta vez numa prisão. O objectivo concreto era eliminar um chefe de gang que continuava a proceder ordens de roubos e outros crimes no exterior. Deveria ser uma pessoa bastante importante e com poder, pois mesmo fechado nas quatros paredes da sua cela, tinha a ousadia o o sucesso de continuar a gerir os seus negócios no exterior, um deles continuar a espalhar o caos.

>>O interessante vai ser descobrir como o matar...<< - Pensava o jovem, continuando a sua viagem enquanto magicava um qualquer plano para por em prática. - >>A cidade em questão é pequena e assim como a prisão o deve ser. Um delinquente regional não deve ser tão perigoso assim para que seja colocado numa prisão de segurança maior. Pode ser que eu tenha sorte o o consiga apanhar discretamente... Não é das coisas que mais gosto de fazer, mas ele é perigoso, não para mim, mas para muita gente.<<

Como seria de esperar Ckareen, ou como dizia na tabuleta que ficava no inicio dos arredores da cidade, A Vila Queda, alusivo decerto ao facto de existir uma cascata ali bem perto, não era assim tão grande como isso tudo. Meia dúzia de pequenas casas e alguns casarões maiores de gente mais rica, mas para além disso e de um pequeno porto à margem do rio que por ali passava, era pacata e sem muito movimento.

Com um Henge no jutsu, o Aburame assumiu o papel de um homem de meia idade, de barba por fazer e olhos amendoados e fundo, como um rosto casado e em tudo normal como muitas pessoas que por ai andam. Assim nada o indicava como shinobi de Konoha e deixava a sua identidade segura para o que quer que fosse que para ai viesse.

>>Mesmo que me vejam durante o acto, nunca saberão quem eu sou.<<

Não demorou muito para o qual teve de treinar a sua nova voz grossa e cantada para perguntar a um velho que passava, onde ficava a prisão. Algo relutante o homem apontou para as estradas da frente, em direcção ao centro, para o lado do porto.

- Mas se eu fosse a si, não andava muito por essas ruas. Lyr continua a ter posse de muitos do bairros onde antes roubava abertamente. A prisão não mudou o seu afinco em continuar o seu trabalho por mãos de outros.

- Terei cuidado. - Afirmou o rapaz disfarçado, continuando o seu passo. Parecia que boa parte da cidade sabia desse tal Lyr e dos problemas que ele levantava. E se calhar, clamaria como o Aburame herói de Ckareen. Mas nunca sobre o nome de Aburame Katayo, talvez o de Yushin, o seu personagem inventado.

A prisão ficava bem afastada de tudo e pouco tinha o aspecto de prisão em si. Parecia mais uma casa abandonada com grades nas janelas do primeiro andar e desprovido de janelas no resto do edifício, talvez elas estivessem viradas lá para trás. Um símbolo estranho, circular e vermelho estava inscrito na placa perto da porta, com certeza um brasão na polícia, como em Konoha tinham o dos Uchihas. Um sujeito alto e algo musculado estava a guardar a porta.

>>Primeiro uma infiltração para conhecer o terreno. Só posso actuar quando tiver a certeza de todos os parâmetros.<< - Aquele homem nada disse e o hall também estava vazio. Foi nessa altura que se lembrou de acrescentar algo ao disfarce, quando ninguém estava a ver.

Assim que chegou à recepção, claro que a primeira coisa para a qual o segurança olhou foi a bandana branca de Kiri colocada na testa.

- O que faz um shinobis de Kirigakure por estas bandas?

- Tenho uma missão. O Mizukage teve a informação que um dos ladrões que mantém presos por aqui, Lyr se não me engano, esteve envolvido num ataque a Kiri. Estou aqui para lhe fazer algumas interrogações quanto ao caso. Não deverá demorar mais de 5 minutos.

- O Mizukage? - O homem olhou nos olhos de Katayo. O treino tinha de resultar, teria de fazer uma cara normal, mesmo na mais anormal das situações. Pelo menos por aquela altura, resultou. - Acho que não teremos problema. Tem o papel do Kage para me apresentar?

Ali estava o problema e Katayo tinha de se livrar dele rapidamente. Lembrou-se de algo que poderia experimentar, ao começar a sacar da bolsa uma folha em branco, que costumava transportar por ser um Fuuin-Nin já com uns meses de experiência.

- Tenho, mas é um pergaminho oculto. - Inventou, com uma voz convincente. - É necessário colocar um pouco de chakra para que seja lida a mensagem. - Entregou-lha. - >>Estou a correr um risco tremendo. Mas isto é uma vila pacata e ele não tem ar de ninja.<<

O guarda olhou várias vezes para o papel, mas voltou a entrega-lo.

- Eu não sou utilizador desse vosso chakrae. Podes colocar-lo tu e mostrar-me? - O plano não correu tal como planeado, pois o Aburame esperava que ele desistisse e deixasse entrar, mas queria continuar a ver o papel. Mas a informação de que não usava chakra estava a seu favor. Fez os selos Dragão, Tigre, Boi, Cabra, mas não para tornar o papel visível. Por essa altura já o guarda estava sobre um genjutsu.

>>Não tenho muito tempo, mes ele sendo fraco de mente, eu não sou um expert desta arte.<< - Voltou a olhar para o guarda. Ele estava com um olhar diferente. - O senhor sabe quem eu sou? - Ele abanou a cabeça receoso. - Sou o braço direito do Mizukage e não tenho tempo nem paciência para coisas destas. Sabe usar chakra sabe, não sabe, vai deixar-me passar à mesma. Compreendeu?

Mesmo com medo nos olhos, o guarda ainda insistia minimamente.

- São as ordens daqui... não podemos...

- Está a negar a missão a um shinobi de Kiri?! - Aquela frase teve de ser produzida com uma maior ênfase, para que o medo se entranhasse finalmente nele. Levantou-se.

- S...siga-me.

Foi levado até à porta da cela de Lyr sem mais uma palavra. O Genjutsu tinha conseguido infiltrar-se naquela mente normal e por muito que detestasse ter de enganar as pessoas com truques como aquele, era o melhor para que mais ninguém saísse mal daquilo.

- Pode deixar-nos sozinhos, não demora muito. - Enquanto informava o guarda de tal, pensava já numa rota de fuga com os elementos que via em redor: portas, janelas.

E o homem partiu antes mesmo que Katayo abrir a porta da cela e entrar para aquele lugar fracamente iluminado. A sombra de Lyr estava ao fundo, perto da janela e mesmo sentindo a presença, não se moveu nem olhou.

- E quem é desta vez? - Muito tempo depois de um silêncio constrangedor, ele olhou, com os seus olhos azulados. - Kiri? Os meus negócios não foram assim tão longe.

- Pois não. - Confessou Katayo, fechando a porta. Tinha de ter a certeza que ele não escapava. - Mas as tuas ordens ainda saem para fora e o mundo não fica livre da ameaça que tu representas.

- Hum... bom ponto. Nem a prisão impede que eu reine. Por isso estás aqui para acabar comigo? É essa a tua missão?

- Podes supor, mas eu não terei de te anunciar o meu propósito aqui. - As armas ocultas estavam a ponto de sair do engenho, enquanto o Chunnin mantinha o gatilho preso por um fio. Algumas faiscas começaram a emanar do seu corpo e pouco tempo depois uma aura de electricidade deixava-lhe alguns cabelos da nuca em pé. A Raiton no Yoroi estava pronta.

- Será uma boa ultima luta, ao menos terei a minha honra final e morrer a lutar. Sempre é melhor que apodrecer neste local. - Levantou-se do banco e torceu as mãos para estalar os dedos. - Também sei algumas técnicas shinobi. Não te deixarei mal de todo.

A velocidade dos raios que o envolviam deixaram-no ao mesmo nível que Lyr, que pelos vistos também tinha reflexos enormes. A primeira investida acabou com o punho de Katayo preso pela mão de Lyr e o punho deste na mão do jovem. Ambos deram um mortal para trás, naquela pequena divisão.

>>O combate não pode demorar muito, este local é pequeno demais... E se fizer muitos estragos e barulho, os guardas virão num instante.<< - Quando o inimigo se precipitou, O Aburame puxou a primeira lâmina para aplicar um golpe em semi-lua. Mesmo que por pouco, Lyr curvou o corpo e continuou a avançara para ele, com chakra vermelho na mão. Antes que isso desse problemas, o ataque anterior foi prolongado, quase como se esperasse a falha, e a outra lâmina activa, produzindo um espectaculoso movimento de armas, primeiro as duas em direcção à barriga dele e logo após isso no ombro esquerdo.

- Kūdetā Sen Eisei! - Concluiu Katayo, já novamente afastado. Lyr bufava e sangrava, mas limitava-se a sorrir.

- O primeiro derrame e o último. - Correu novamente para a nova investida, mas desta vez os seus movimentos pareciam mais rápidos e imprevisíveis e quando o rapaz reparou, estava agarrado pelo pescoço por uma mão grossa. Nem a armadura de raios impedia que as mãos agarrassem o seu pescoço firmemente.

- Falhas-te ninjazeco. - Apertou mais a mão. - Kiri não ganha desta.

- Falhas-te tu Lyr, por baixar a guarda. - Por essa altura já um pequeno feixe de electricidade voava em direcção à parede oposta da cela e quando embateu, Katayo teleportou-se e com toda a velocidade adquirida, conseguiu voar para as costas do oponente, enfiando ambas as armas ocultas em pontos que qualquer ninja considerava vitais.

A cara de Lyr encostou-se à parede e o seu corpo aos poucos perdia as forças. Mas ele ainda bufou.

- Hum... excelente fim... - E perdeu a vida. Lyr tinha razão ao afirmar que aquele seria o primeiro e ultimo derrame. Aquilo que lhe tirou a vida não esguichou sangue.

Pouco depois Katayo estava já longe dali, sem que ninguém percebesse quem era realmente. Talvez o chamassem herói depois daquilo, mas também ninguém saberia que fora ele, tenha sido o shinobi de Kiri fictício, ou o verdadeiro de Konoha.

>>O que interessa é que eliminei mais uma vez o mal do mundo...<< - Disse para si mesmo, escolhendo o caminho para Konoha.