Já dava para notar o porquê do País ter aquele nome, ainda estava amanhecendo e já era possível ver várias aves voando pelo céu e outras em ninhos protegendo ou alimentando os filhotes. Meu primeiro objetivo seria o de encontrar o cliente e conseguir algum meio de contato com ele, afinal não adiantaria nada roubar a receita e não saber como encontra-lo. Olhei para o conteúdo da missão assim como o mapa antes de entrar na vila, não poderia levantar suspeita que eu esteja ali para realizar alguma missão. Arquitetei um plano básico, simplesmente estaria no País com o objetivo de ficar algumas noites e seguir meu rumo para o País da Estrela, onde encontraria algum parente. Desta forma conseguiria andar por restaurantes com a desculpa de querer comida.

Passar pelos guardas da cidade não foi algo difícil, fiz com que minha desculpa fosse convincente o suficiente para acreditarem, mas tinha certeza que mal notaram o que falava, pois olhavam para mim como se desejassem me ver nua. Preferi ignorar a situação, não gostava daquele tipo de coisa e também não poderia brigar, afinal deveria passar e realizar a missão sem ter problemas.

Suspirei fundo e fui para um hotel simples, pedi um quarto para duas noites e ainda informações sobre locais de turismo, surpreendentemente o restaurante que seria meu alvo estava na lista por possuir o melhor prato da vila. “Parece que será tão fácil como imaginei...” Enquanto a garota da recepção fazia meu cadastro, aproveitei para puxar conversa.

-Está parece ser uma boa vila para viver! – Sorri – Tranquila e com vários locais para visitar...

-Tem uma bela paisagem também... – Ela sorriu enquanto escrevia meus dados que havia fornecido – Mas tome cuidado! Algumas garotas assim como você são alvos de pervertidos durante a noite. – Ela me entregou uma chave e sorriu – Aqui está sua chave, seu quarto está no terceiro andar e é o de numero 32. Tenha uma boa estadia, Senhora Misa!

-Senhora!? – Indaguei de forma a assustá-la com minha reação – Não me chame deste jeito, sou apenas uma adolescente. Pode chamar-me direto pelo nome! – Sorri.

-Desculpe-me, Misa-chan. Existem pessoas de vários gostos por aqui.

Despedi-me e subi pelas escadas até chegar ao corredor que leva ao meu quarto, destranquei e abri a porta lentamente. Possui uma grande cama, um pequeno guarda-roupas, um banheiro e uma grande janela com cortina, a visão é ótima.

Tomei um bom banho quente e esperei em meu quarto até o fim de tarde, aparentemente encontraria meu Cliente próximo a um beco ao nordeste da cidade a qualquer dia naquele momento. As informações no pergaminho da missão eram precisas e nem precisei confirmar, pois tenho uma ótima memória e confio plenamente nela. Já com minhas roupas, fui ao local de encontro e notei que havia um homem de aparentemente 35 anos, com cabelo liso mostrando os primeiros fios brancos, barba por fazer e com um ótimo porte físico, além de estar bem vestido. Não havia como não chamar atenção, ainda mais por ele ser o galã das redondezas e infelizmente meu Cliente ou o meio de contato com ele.

O encarei por algum tempo e quando ele me olhou, fiz um pequeno gesto como se pedisse que me seguisse. Fui há um bar de esquina pouco movimentado e sentei-me em uma mesa isolada, após algum tempo ele adentrou e sentou-se logo a minha frente.

-Você é de Konoha? – Sua voz é suave e sedutora, tive que me concentrar, pois parecia como um Genjutsu para atração.

-Por que quer saber?

-Já sabe como me encontrar e o que deve fazer, não preciso perder meu tempo com está conversa.

-Você é meio rude não? – Sorri e o encarei – Quero saber apenas uma coisa. Porque do pedido?

-Musashi é um tolo sem coração! – Parecia nervoso e acabei ficando intrigada com aquilo – A fórmula foi desenvolvida por meu Pai, mas aquele canalha a roubou quando ele estava em seu leito de morte. Apenas quero trazer o que me pertence! – Não sabia o porquê, mas aquela história não parecia tão convincente, faltava algo. Entretanto não deveria saber o porque e sim realizar.

-Tudo bem! Amanhã a receita estará em suas mãos e ai você me contará o resto da história...

Levantei-me da mesa e sai do bar sem ao menos olhar para trás, antes de voltar ao Hotel, passei por uma loja de lembranças e comprei uma pelúcia, seria apenas para não voltar de mãos vazias. Na calada da madrugada, enquanto todos dormiam e ficavam felizes com seus sonhos, lá estava eu em cima do telhado. Deslocava-me prestando atenção a tudo, não poderia levantar suspeitas e muito menos ser vista. Utilizei algumas técnicas básicas para deslocamento aproveitando as sombras.

“Preciso ser rápida, tenho sorte por já existir um mapa do restaurante em minhas mãos ou estaria perdida para encontrar a tal receita...” Cheguei próximo ao local e notei que havia muitos guardas espalhados e provavelmente teria outros dentro do estabelecimento. “Esse cara sabe como proteger seu Império e não brinca em serviço.” Olhei para todos e analisei minhas chances tentando formular um plano rápido. “Não tenho escolha, são muitos, porém não demonstram qualquer nível de poder!” Sim havia uma maneira de entrar sem levantar suspeitas e com muita praticidade. Notei que por momentos havia um ponto que somente um guarda vigiava e este seria meu trunfo. Esperei com toda calma do mundo e quando a oportunidade surgiu, apontei minha mão para ele e concentrei meu chakra na palma. Uma luz foi emitida e o Genjutsu entrou em ação, usei um rápido deslocamento para passar por ele que sobre o efeito do jutsu mal notaria minha presença. Assim que estava dentro do estabelecimento, cortei o efeito do Genjutsu e finalmente estava dentro do local. Escutei o guarda falando para si mesmo que precisa dormir mais e acabei concluindo que ele pensou ter passado mal ou ter dormido em serviço.

Os corredores pareciam vazios, mas na verdade havia algumas armadilhas. Escutei passos vindo do lado oposto e logo me pendurei no teto com um jutsu de academia simples, como meu cabelo era longo, antes de sair do quarto naquela noite o prendi de forma a formar uma pequena trança que amarrei ao meu corpo.

Tratei de memorizar cada passo do sujeito e seguir pelo mesmo caminho, assim não cairia em armadilhas. Tive de esconder-me e ficar por alguns minutos presa ao teto ou atrás de estatuas ou mesmo com um Henge, mas acabou que no final cheguei à sala destino. Usei um de meus clipes do cabelo para formar uma espécie de gancho e destrancar a porta, entrei sem fazer qualquer tipo de barulho e com luvas procurei a receita em vários dos livros que lá estavam. Algumas vezes tive que me esconder entre as estantes ou mesmo abaixo da mesa, pois os guardas apareciam para ver se estava tudo em ordem, mas como eram preguiçosos simplesmente olhavam a sala por fora. “Parece que o Imperador caíra perante o erro de seus servos... Droga! Esse papo de Imperador me deixara louca!” Fiquei distraída por um momento e acabei tropeçando e batendo em um dos livros que havia lido, até que notei algo.

“Os livros de culinária possuem números e letras, talvez seja um código alfa numérico, mas para que serve.” Olhei para a mesa e notei que havia um mecanismo próximo à gaveta, com várias letras e números. Procurei todos os livros e guardei formei sequencias, acabaria levando a noite inteira se a resposta não estivesse em ordem decrescente. Consegui abrir a gaveta que estava trancada e lá dentro um pergaminho, na verdade o pergaminho da receita. Olhei para fora e o sol estava para amanhecer. Escutei um barulho vindo da porta como se alguém fosse entrar e simplesmente deixei um pergaminho em branco no lugar, fechei a gaveta e sai pela janela pulando para o telhado vizinho e entrando pela janela aberta do ultimo andar. Notei que era uma pousada e a janela dava direto há um corredor. Por um breve momento vi uma Senhora entrando em um dos quartos me desejando bom dia, a qual respondi com a mesma educação e usei sua imagem para sair do local sem levantar as suspeitas.

Passei o resto do dia agindo normalmente e com a receita no meu Fuuin de armazenamento do pulso direito. Ao entardecer, encontrei com o Cliente e simplesmente entreguei em sua mão a receita.

-Agora conta...

-Ele é meu Tio ganancioso, poucos sabem disso! Acham que ele não possuí família, mas ignora a situação que passamos. – Sorriu – Ele já não tem uma boa memória e precisa da receita todos os dias. Tem medo de ser roubado, então só ele a lia.. Com isso vou trazer a honra para meu lado da família!

-Como quiser...

Sai do bar novamente sem olhar para trás, mas estava feliz por ter feito algo certo apesar dos meios. Fui para o Hotel, onde passei a noite e logo pela manhã segui em direção ao País da Estrela.