Suas pernas não suportavam mais um passo. Seu campo de visão parecia vaguear de lado para o outro, como um pêndulo, fruto da tonteira que Takeshi sentia naquele momento. Não podia apoiar nas paredes, pois eram bem frágeis, então tentava seguir seu rumo sozinho, sem ajuda. Precisava se adaptar àquelas condições, sabia que não poderia se chamar de shinobi se não saísse dali vivo - mas ele não contava e nunca contou como opção: desistir. Seu único objetivo era fugir e nunca mais ser raptado outra vez, era uma promessa que ele fez a si mesmo. Ele tentou esquecer a fome, a sede e a dificuldade de respirar pensando em outras coisas, mas era bem complicado.

De repente, a realidade ao seu redor alterou-se de certa forma. Os ouvidos sensíveis de Takeshi logo se incomodaram com a repentina gritaria do ambiente. O Senju pôs o capuz sobre a cabeça, observando melhor o local onde se encontrava. Parecia que ele estava numa espécie de arena, um público numeroso rodeava o centro oval em arquibancadas da mesma forma. Pelas roupas, diferentes classes sociais estavam presentes ali, algumas vestes pareciam caracterizar até mesmo Senhores Feudais, mas Takeshi não tinha certeza. O ar ao seu redor parecia mais pesado por causa do som, o que de fato o incomodava. Distraído, não percebeu que havia mais três pessoas ali com ele, uma entre elas era Kurata, um gennin que o garoto já conhecia por ter feito três missões em parceria com o mesmo. “Que brutal. Eles nos sequestraram só para divertir essas pessoas?”

O garoto passou os olhos atentamente pela multidão, encontrando um homem de capuz semelhante ao que ele usava. Por estar separado das outras pessoas, parecia ser uma espécie de apresentador. Apesar da indignação, a expressão de Takeshi não se alterou, mas de qualquer jeito, ninguém conseguia ver sua face. Manteve-se focado naquele homem, tentando prever seus próximos movimentos. Então, uma luz branca o iluminou, e de repente todo o seu cansaço físico e dores no corpo desapareceram. Ele se sentiu pronto, até mesmo arrumou a postura, ainda observando o desconhecido. - Prestem atenção, pois falarei somente uma vez! – O encapuzado pigarreou para chamar a atenção do público e dos “gladiadores”. - Vocês estão no meio de um teste, somente os mais habilidosos irão passar. Boa sorte à todos!

Antes que o garoto pudesse reagir ou pensar alguma coisa, o homem fez um selo de mão e Takeshi se teletransportou para algum ponto na arquibancada que ele não pôde identificar. “Um teste? Que tipo de teste? E porque ele pode controlar nossas posições? Será o...” O gennin passou a mão pelo fuuin anexado ao seu corpo, ele havia se esquecido dele. O garoto já ia formular uma penca de hipóteses e análises da situação, mas um grande rugido calou seus pensamentos. Parecia que alguns animais – entre eles, a fênix que controlava Suiton – se fundiram para formar uma gigantesca criatura, que estava de frente para um garoto de cabelos loiros. Este estava extremamente assustado, e com razão. “Mas que diabos? Eles querem que lutemos contra uma criatura desse porte?”

O garoto retornou a atenção ao homem estranho no exato momento em que ele começou a explicar. - Esta criatura possui chakra infinito! Pois está sempre absorvendo chakra da natureza para se manter viva. Seu desafio é derrotá-la! – O anônimo esboçou um sorriso esperto. - Ou tentar sobreviver... – Takeshi engoliu em seco, apreensivo. “Isso não é possível. Mas que raios está a acontecer aqui? Quem são eles? Alguma espécie de organização? Outra vila?” Ele fitava cada canto daquela multidão, procurando entender o que estava a acontecer ali. Sem resposta, ele se contentou a assistir a luta. Parecia que o garoto tinha invocado uma espécie de dragão elétrico para usar contra a criatura, o que era um bom sinal. “O chakra está liberado!” Takeshi se animou, um pouco. Suas chances de sobrevivência haviam aumentado alguns números.

Aquela luta logo acabou. Chegou a vez de outro loiro, que, em um piscar de olhos, foi parar no centro do coliseu. Para falar a verdade, Takeshi nem prestou atenção, sua mente vagueava por outro local, tentando formular alguma estratégia para vencer a criatura. Quando retornou ao “mundo dos homens”, aquela luta também já havia se finalizado. Chegaria a vez, então, do próximo participante. Esse era o Senju, que foi teletransportado para frente do monstro. Os ferimentos deste foram curados, assim como havia acontecido com os quatro gennins, momentos antes. “É agora ou nunca.” Suspirou, cerrando os olhos para se concentrar, aproveitando que a criatura se encontrava estática. Quando os abriu outra vez, não escutava mais os gritos de incentivo da plateia. Só a sua respiração turbulenta e o batimento do seu coração. Entretanto, seus ouvidos estavam aguçados para cada movimento que o seu inimigo fizesse, prevenido para qualquer ataque que viesse em sua direção. “É hora de por meu plano em prática.”

- Mokuton: Moku Bunshin no Jutsu. - O garoto fez uma sequência de selos de mão em uma velocidade considerável, e uma forma de madeira idêntica a ele surgiu ao seu lado. Ambos colocaram-se em posição de batalha. O clone, então, disparou em uma corrida retilínea em direção a criatura, fazendo mais selos com as mãos para criar estacas de madeira ao redor dela, de forma a criar uma contenção, para que ela não se mova. Também serviria de distração, pois o verdadeiro viria em uma trajetória em arco pela direita, saltando e concentrando chakra Doton no solo, concentrando-o ao redor do monstro. – Doton: Chidōkaku no Jutsu! – Executando um jutsu, tentou mudar a elevação do terreno ao redor do animal em 20~30 metros o mais rápido que pode, se desse certo o inimigo ficaria preso em um buraco profundo de terra e ficaria preso, dando tempo suficiente para Takeshi agir.

O garoto postou-se do lado oposto a sua cópia, enquanto esta última tratava-se de executar outra vez sua última técnica utilizada - Moku no Kou - objetivando preencher as laterais e os fundos do buraco com mais raízes respiratórias, com a intenção de restringir completamente os movimentos do monstro ou pelo menos feri-lo em uma tentativa de escape. Takeshi se afastou, observando seu plano dar certo – ou errado. No primeiro caso, já começaria a preparar a próxima etapa. No segundo caso, já iria pôr a cabeça para maquinar alguma outra alternativa.