Não poderiam encontrar-se na mesma noite que tudo ocorreu. Daria demasiado nas vistas e por isso mesmo os quatro shinobis avançaram alguns dias de investigação, separados, preparando um verdadeiro teatro para o Hokage, eliminando as maiores suspeitas que poderiam recair sobre eles.

Katayo assim que levou alguma tareia da kunoichi com a missão de os matar, passou pelo hospital e passou lá umas boas horas a ser visto por um médico, que lhe tratou melhor as escoriações e feridas abertas. Doíam e muito, mas era por uma boa causa e o Aburame sabia, já que assim que saiu de lá, percebeu fracamente a presença de alguém a observa-lo das sombras, talvez um ANBU, ou um espião.

>>Boa, o disfarce mantém-se. Devo estar a ser perseguido pela ANBU com ordens de Onoki, pelo menos eles vão continuar nisto por mais uns dias. Não poderei fazer nada demais durante esse tempo.<<

Passou dois dias em que Katayo se teve de aguentar em casa sem fazer nada, ou melhor, tirando o tempo livre para aumentar alguns conhecimentos de Fuuinjutsu com um manual antigo. O pai sabia o que se estaria a passar e por isso nem abriu o boca nos ultimos tempos, a primeira vez que o Chunnin o viu depois de tudo aquilo, apenas lhe acenou e o jovem fez-lhe o mesmo. Ambos estavam em sincronia. A mãe também estaria a par pois se mostrou mais preocupada com o filho nos últimos dias, mas não havia já nada demais a temer, vários Kikais estavam espalhados pela casa de Katayo a seu próprio comando e alertavam as movimentações exteriores e segundo os últimos relatórios dos insectos, as pessoas ocultas tinham desaparecido do bairro Aburame. Talvez o Hokage estivesse convencido finalmente, mas mesmo assim a vigília continuaria.

Santaku visitou-o ao quarto dia de "arte teatral", talvez a mando do seu pai. Katayo ofereceu-lhe uma chávena de chá e ele agradecido, sentou-se numa das almofadas e bebeu.

- Como tens andado? As feridas sararam?

- Já estão melhor, mas devo ter de andar com as bandagens mais uns dias. - Comentou o rapaz, sentando-se e passando com a mão na ligadura da testa. Serviam para demonstrar o ataque da rapariga naquele dia, mas o próprio hospital lhe dissera para fazer assim, o que aumentava a representação que nada mais era que dor real.

- Percebo. Não temos treinado... - Bebeu mais um gole. - Tens tirado uns dias de folga? - Mestre e aluno já se conheciam, Santaku queria saber mais, sem o falar directamente. Talvez ele sentisse alguém perto.

- Sim, até tenho tirado uma folga das missões, para voltar daqui a pouco tempo à acção novamente. O Hokage pensou que eu estava metido numa traição qualquer, mas as coisas já estão resolvidas. - >>Falar no assunto demonstra que não tenho receio e que nao tenho nada a temer da investigação dos ANBUs...<<, pensou.

- Ás vezes acontece. Desde que o Hideki morreu no hospital, que Konoha se sente mais fragilizada, mas agora estamos bem com o Onoki-san, correcto? - Aquele olhar, não era o normal, Katayo sabia que ele não falava por si, mas fazia indirectamente uma pergunta.

- Sim, sem sombra de dúvida. - "Sem sombra de dúvida" foi uma boa forma de continuar a conversa. A única vez que Santaku o apanhou a mentir, fora quando "sem sombra de dúvida" o Aburame tinha dito que treinara no fim de semana. O mestre sorriu ligeiramente no canto da boca. Sabia que ele estava a dizer que não confiava naquele Kage.

- Bem tenho de ir. Quando necessitares de mim, para treinar, já sabes onde me encontrar. - A pause entre "mim" e "treinar", queria dizer que Katayo poderia contar com o seu apoio se necessitasse na investigação.

Ele acenou e acompanhou-o à porta. De relance olhou para o cimo de um tecto e lá estava, uma máscara incrustada de joias. Seria aquilo um ANBU?

>>Só mais uns dias e vou-me encontrar com eles. Talvez já saibam algo...<< - Suspirou e voltou para o interior de casa, longe das janelas e das suspeitas.

Houve uma certa noite que Katayo sentia completamente que as coisas não estavam bem. Não conseguiria descrever se seria algum instinto ou algo diferente, mas estranho ele era, tanto que não conseguia pregar olho e já era de madrugada. Aquela situação era quase tão intensa como a que teve quando contactou Nanabi com a ajuda de Yukito e Hachibi...

Levantou-se ainda em boxers e coçou a cabeça enquanto se aproximava da janela com os estores corridos. Eram daqueles que poderiam ser abertos facilmente com um dedo e foi o que o Aburame fez, ao colocar um dedo no meio e puxar ligeiramente para ver lá fora. As ruas estavam quase desertas e o pouco movimento era mesmo quase nenhum. A lua estava lá no alto e uma breve brisa percorria o local. Sem sinal de ANBUs.

>>Mas que sensação é esta?<< - Saiu de perto da janela e deu por si ali parado no meio do quarto, como que com um radar. - >>Algo não está bem... Bah, tenho de apanhar ar.<< - Foi até à cadeira e apanhou a camisa preta por baixo, que logo vestiu. Naquela altura nem colocou a blusa maior nem o cachecol, usando apenas aquela simples de manga curta que geralmente vestia por baixo e as calças com as botas especiais que Santaku lhe dera. Mas não se esqueceu de apertar as lâminas ocultas a ambos os braços, deixando o mecanismo à vista na mão nua.

Sentia que tinha de apanhar algum ar e por isso sem fazer muito barulho, saiu de casa e fez-se acompanhar pelos Kikais que actualmente rondavam a casa, deixando apenas metade lá ainda. Atravessou a rua dos Aburames e depois saiu para perto do centro, onde agora as montras estavam fechadas e o movimento cessado. Pensou que talvez ver o hospital lhe trouxesse mais alguma esperança e força para ultrapassar os últimos dias antes do "encontro". Mas ao lá chegar, percebeu que algo estava errado. Uma nova explosão.

>>Novamente?<< - Não perdeu muito tempo naquela rua, não queria também dar nas vistas. - >>Isto não me cheira nada bem...<<