Os dois estavam se esforçando muito na missão antes mesmo que ela tivesse começado de verdade. A chuva estava ficando cada vez mais grossa e pesada castigando os shinobis que corriam em direção contrária ao vento fazendo com que algumas gotas de água penetrassem na abertura da máscara na região dos olhos. Seria um problema para o Nara, contudo ele como sempre usava seus óculos escuros mesmo com a máscara por cima e, isso protegia seus olhos das inconvenientes gotas de água gelada. A vegetação não mudava praticamente nada a medida que avançava, provavelmente Taki tinha o mesmo clima e vegetação que o país do fogo, um ambiente tropical.

Mais e mais horas passavam para os ninjas que não paravam de correr quase nunca. Só faziam uma breve pausa para retomarem o fôlego de meia em meia hora e tinham a duração de apenas 5 minutos. A viagem era cansativa, porém eles não tinham tempo a perder com muito descanso, além do mais o dia já estava cedendo para o reino da escuridão, tornando cada vez mais precária a visão dos shinobis.

Faltava agora pouco para chegarem em Takigakure. A chuva já havia parado de cair, entretanto o céu ainda estava repleto de nuvens negras que cobriam aquela região, impedindo a entrada dos raios do Sol. Pararam agora pela ultima vez naquele percurso para retomarem as energias, era chegada a hora de bolar algum plano para que não corressem riscos desnecessários. Sabiam que o país do qual estavam se aproximando não tinha um grande poder militar, contudo um pequeno descuido poderia causar um desastre, mesmo sendo um lugar tão “calmo”.

-Yosh, parece que estamos chegando. Pelos meus cálculos chegaremos no País da Cascata em menos de 20 minutos, ou seja, já estamos numa posição que pode significar algum risco. Temos que ser o mais discretos possível, nosso objetivo não é arranjar confusões ou atritos para as Nações, apenas coletar informações para que não ocorram mais incidentes lamentáveis como foi a invasão de Oto em Konoha. – explicava o chuunin ao seu aluno – Enfim, ao creio que seja melhor a gente parar em algum lugar e dormir por essa noite. Amanhã ainda bem cedo nós começaremos os preparativos para a verdadeira missão. Iremos usar uma simples técnica para disfarce. Nos transformaremos em pessoas parecidas com os habitantes da região e nos hospedaremos em alguma pousada qualquer para passar a noite. Vamos lá!

O plano não era nem um pouco complexo, contudo era o máximo que podiam fazer tendo tão poucas informações sobre o local. Andavam agora como simples civis, contudo do modo mais sorrateiro possível, cuidando sempre para não deixar pistas ou vestígios de sua presença no local. Os 20 minutos estavam demorando mais que meia hora sendo que o Nara havia calculado o tempo como se eles estivessem correndo e, com a velocidade bruscamente reduzida demoraram mais que o esperado para verem qualquer sinal de civilização.

A espera acabou valendo a pena, de cima de uma árvores robusta e cheia de folhagens ficaram por algum tempo observando os habitantes do local, como imaginara o local era muito calmo, pouco podia-se ver movimentos de shinobis que aparentavam ser raros ali. Concluindo a etapa de observação os jovens teriam que partir para a parte da “penetração” na sociedade do local. Afastaram-se consideravelmente da vila e então começaram a agir – Henge no Jutsu. – proferiram os ninjas que tomaram a aparência de duas pessoas completamente diferentes. Kiyoshi agora tinha a aparência de ser um velho senhor que carregava nas costas ao invés de sua pequena mochila uma enorme bagagem repletas de ferramentas de carpinteiro. Já o Aburame transformara-se num jovem robusto de músculos definidos de aparência muito rústica e saudável.

Lembre-se, agora eu sou Fukao e você é Ishizaka. Tu és meu neto de 23 anos e eu tenho 54. Somos dois carpinteiros renomados e viemos do país da Terra para fazer reparos em alguns locais. Agora vamos nos registrar em alguma pousada para passar a noite. – dizia o jovem em tom sério e até mesmo um pouco apreensivo, e assim os dois partiram. O Nara fingia ter dores nas costas andando vagarosamente sempre praguejando coisas sobre a vida. Desse modo ambos conseguiram entrar sem problemas no vilarejo partindo em busca de algum local para dormir.

Tudo estava correndo exatamente como o planejado, isso satisfazia o jovem que ficava por hora menos preocupado com a missão. Na verdade ele não se preocupava muito com o país da cascata, não que ele não se importasse ou subestimasse o país, contudo não lhe causava tanta preocupação quanto Oto. Um frio na barriga insistia em o incomodá-lo sempre que começava a pensar em como deveria agir do território do país do Som, que por acaso não era um área totalmente desconhecida por ele, afinal fora lá que ele tinha conseguido o seu trunfo, o selo amaldiçoado.

Apesar de tudo não era prudente ficar se preocupando com algo que ainda nem estava muito próximo de acontecer. O mais sábio a fazer naquele momento era se descansar o máximo que pudesse da viagem para que no dia seguinte pudesse ter um bom desempenho na hora de botar o seu plano em prática. Os disfarces estavam funcionando perfeitamente e, seu parceiro não trocara sequer uma vez os nomes, deixando o chuunin mais aliviado. Realmente fora muito inteligente da parte do Aburame comentar sobre as dores nas costas de ‘Fukao’ deixando a situação com mais realismo, algo mesmo admirável.

Outro ponto que causou admiração no jovem foi o quarto no qual se instalaram. Pela primeira vez em toda sua vida estava hospedado em um lugar razoavelmente bom. Não que fosse um hotel 5 estrelas, mas ao menos uma boa higiene o lugar apresentava, algo que agradava muito ao Nara que conservava sempre o limpeza. Aquela foi também a primeira vez que o garoto teve coragem de tomar um banho durante a missão, o banheiro era branco e muito tradicional, a parte de tomar banho era separada por uma porta corrediça da parte em que eram feitas as “necessidades”.

Após ter-se banhado em águas quentes o garoto afundou-se entre edredons e colchão permanecendo na figura de velho para não correr nenhum risco. Beliscou alguns aperitivos que tinham no quarto e ficou deitado olhando para cima pensando no dia de amanhã. Aquilo dificultava a ele pegar no sono. Com a cabeça cheia de pensamentos embaraçados que se cruzavam formando uma verdadeira teia de aranha em sua mento o shinobi sentia uma mistura confusa de emoções, contudo tratou logo de tentar esquecer-se de tudo para que pudesse dormir bem e acordar recuperado para o dia desgastante que chegava depressa.

Olhou para a cama ao lado e viu seu parceiro já dormindo. De certa forma invejava ele. As vezes tinha o desejo de poder voltar ao passado e aproveitar melhor cada minuto de sua vida quando criança. Com certeza teria brincado, se sujado e dormido muito mais do que o fizera. Teria também se empanturrado de doces e guloseimas que sua mãe o impedia de comer antes das refeições, gostaria de poder brincar com os colegas e ir dormir na casa do amigo para fazer guerra de travesseiro, entretanto era tarde demais. Lá estava ele agora, como um ninja Anbu de Konoha, repleto de responsabilidades e tarefas e, recordando e pensando dormiu.

A noite passou como um raio para os dois. A sensação que o Nara tinha era que ele acabara de fechar os olhos e dormir, porém faziam já em torno de 5 horas que estavam dormindo. O relógio marcava exatamente 5:34 da manhã. Levantou-se da cama com muita preguiça e foi andando com dificuldade até a janela para abri-la e, quando o fez uma brisa refrescante entrou pelo quarto renovando o ar daquele local. Talvez fosse cedo demais, porém não haveria outra oportunidade melhor para começarem a agir e assim, foi até a cama de seu aluno e o chamou com cutucões. Era chegada a hora de partir, não dava mais para adiar, a ação começaria agora!

Não dava mais para adiar. A primeira parte da verdadeira missão iria começar no exato momento. O chuunin ficou sentado em sua cama enquanto esperava por seu parceiro que ainda estava se trocando e usando o banheiro. Não demorara muito tempo, foi tudo feito em questão de 5 minutos, embora não aparentasse Ryan era um garoto muito cheio de energia e também muito ágil quando precisava ser. Tinha até uma certa admiração pelo garoto, gostava dele como um parceiro de equipe e, julgava que ele era uma pessoa muito agradável para se estar junto e realizar as missões em conjunto.

O disfarce que eles tomaram acabou mesmo que sem querer dando idéias de como deveriam agir com ele podendo ao mesmo tempo ajudar na sua tarefa. A idéia que o Aburame tivera realmente seria de muito ajuda. Trocaram algumas breves palavras e o Nara terminou a conversa com um tanto de bom humor para descarregar o clima tenso que a missão estava gerando sobre eles. Despediram-se da atendente da pousada de maneira cômica. O shinobi fingindo uma cara de mau humor e o gennin com um rosto jovial e cheio de vida.

Estavam se dirigindo para o centro daquele pais. A viagem foi rápida e durante essa muitas vezes cruzaram com várias pessoas fazendo suas tarefas do cotidiano como cuidar das crianças e varrer a calçada a frente de sua casa. Inúmeras velhinhas paravam para elogiar a beleza do Aburame na sua forma disfarçada, enquanto algumas crianças gozavam da cara de “Fukao”, dando risada de sua cara enrugada. Outros mais mal educados preferiam dar apelidos para ele, chamando-o de “cara de maracujá” ou “mapa mundi”. A esses Kiyoshi tinha um tratamento especial. Fingia-se extremamente ofendido e dava um belo tapa na cabeça das crianças, ou então usava a bengala para golpeá-las quando essas corriam demais.

-Hey Fukao-san, vai com calma. – dizia o gennin brincando e, para sustentar ainda mais sua farsa o outro respondia ríspido – Calma nada! Essas crianças de hoje em dia não respeitam mais os idosos. Na minha época se alguém cometesse tal audácia com um ancião era severamente punido... ai como os tempos mudam... bons tempos eram aqueles! – fala ele se segurando para não cair na gargalhada.

Passaram praticamente toda a manhã fingindo estar trabalhando em alguns lugares. Batiam alguns pregos ali, colocavam algumas tábuas acolá, apertavam alguns parafusos soltos aqui e passavam óleo em outras corrediças lá. Enfim, tudo corria como o planejado. O tempo que ficaram fingindo estar trabalhando estavam na verdade extremamente ligados em tudo que ocorria na vila. Poucos shinobis podiam ser vistos circulando pelas ruas, os que tinham não aparentavam ser nenhum pouco assustadores. A vila era basicamente sustentada pelo comércio das mais variadas coisas, todo canto que se olhasse podiam-se ver barracas de vendedores que gritavam para chamar seus clientes. Era uma vila calma e pacata, com seus cidadãos calmos e pacatos.

A primeira etapa estava já concluída, a observação já terminara naquelas redondezas. Nada de mais interessante era visto naquele local, basicamente as pessoas cuidavam cada uma da sua vida sem se importar com o mundo exterior. Partiriam agora para a segunda e ultima etapa a ser realizada naquele local, era chegada a hora de fazer o interrogatório com o líder daquele lugar seja lá o que e quem ele fosse. Seria a parte mais difícil e que apresentaria mais riscos na missão naquele país, porém não assustava muito mais Kiyoshi que já estava começando a se acostumar com a idéia.

-Até agora tudo correu bem, só nos falta fazer agora o interrogatório. Pelo que pude observar nesse tempo a segurança deles não é nada avançada, ou seja, não será difícil chegar ao líder deles. Porém você terá que ser rápido ao agir. Assim que conseguirmos entrar vou distraí-lo com minhas reclamações e você na menor brecha deve prendê-lo em uma ilusão e começar o interrogatório. Teremos que ser hábeis e discretos, agora vamos. – explicou ele.

Começaram então a se mover. Como simples civis eles se aproximaram do local em que supostamente devia ficar o líder daquele lugar. Tentaram primeiramente entrar sem falar com ninguém, contudo foram barrados na porta por dois guardas – Onde é que vocês pensam que estão indo? – falou o homem que os barrara – Ora seu troglodita enorme!!! Quem você pensa que é?! Será meu Deus ? Será que não existe mais gente educada nesse mundo? O que você pensa que está fazendo nos barrando assim ein seu grandalhão? Eu viajei do país da terra até aqui para prestar ajuda ao seu país, minhas costas estão doendo muito e é isso que você pretende fazer ? Me privar do direito de falar com seu líder para que ele possa pagar os serviços prestados por mim nesse maldito lugar? Acredito que ele não gostará de ficar sabendo disse seu... – o garoto cuspia as palavras fingindo estar transtornado de raiva e revolta, porém a encenação parecia ter dado certo. Diante de tamanhas reclamações e ameaças o vigia permitiu que eles entrassem e assim eles foram.

O prédio por dentro era tão precário como por fora. Várias rachaduras percorriam todas as paredes do local e de algum lugar e algumas infiltrações apareciam aqui e ali. Outros cantos daquele local estavam mofando e outros a tinta estava descascando. Talvez fosse apenas falta de cuidado pois o local não parecia assim tão pobre, mas o que interessava estava atrás de uma sala em especial. Dentro dessa sala puderam ver um homem baixinho e barbudo. Esse era o líder deles e, embora não aparentasse ele podia ser consideravelmente poderoso, portanto deveriam agir com cautela e agilidade.

Trocaram alguns cumprimentos e tiveram uma breve conversa sobre os serviços prestados, dos quais o homem não fazia a menor idéia do que seria. O momento de era propício para botar o plano em ação, o homem parecia confuso com aquilo tudo e virando-se de costas Kiyoshi fingiu tossir quando na verdade apenas estava fazendo um selo. Aproximou-se daquela pessoa e lhe estendeu a mão torcendo para que o gesto fosse retribuído por ele. E foi, este estendeu também sua mão e apertou a mão do Nara concretizando assim o seu plano. Sem nem saber ele estava preso agora por uma miserável variação do Kage Mane. Com certeza não o seguraria por nem mesmo 30 segundo, contudo daria uma chance de Ryan pegá-lo num genjutsu para começar a interrogá-lo e, com um discreto sinal deu a ordem para que seu parceiro fizesse isso.

Por sorte ou por alguma outra coisa desconhecida tudo havia corrido muito bem. O plano do Nara havia sido um sucesso e tinham conseguido realizar o interrogatório sem que ninguém os perturbasse. Foi muito esperto também da parte de Ryan usar um outro jutsu para cegar o homem por alguns instantes para que eles pudessem ter tempo de fugir quando ele saísse do transe. Agora lá estavam eles, correndo a toda para fora daquele país. O Aburame ia montado nas costas de seu sensei sendo que não era muito veloz. Já tinham também abandonado os disfarces, estavam com a sua forma normal, usando seus trajes e o uniforme da Anbu.

Não tiveram também problemas para fugir do país. Eles corriam pela floresta onde era mais discreto, além do mais tomavam muito cuidado para não fazer ruído algum ou então deixar vestígios na mata. Queria que sua presença ali jamais fosse notada, por isso se cuidava para isso não acontecer. Agora teriam que percorrer uma boa distância para chegar até o País do Som. Esse pensamento judiava de Kiyoshi que tinha a certeza de que lá não seria tão fácil quanto fora em Taki. A fama do lugar corria todo o mundo e, além do mais ele já estivera lá para pegar seu Selo amaldiçoado e era esse o caminho que fariam.

-Escute Ryan, eu conheço um bom lugar para a gente conseguir penetrar em Oto sem chamar muita atenção. É um local que já estive antes para... bem enfim, tem uma certa pessoa naquelas redondezas e, ela não é muito do tipo sociável, por isso mora numa parte u m tanto isolada. Os moradores conhecem essa pessoa e por isso evitam aquela região, enfim, um ótimo local para passar despercebido. Ahh, mais uma coisa, creio que já não corremos muitos riscos, portanto pode descer das minhas costas agora ne!? – disse ele com um tom de bom-humor no final enquanto parava para que o seu aluno pudesse descer.